Temáticas Macro
18 de Outubro de 2024
3 min de leitura
Descubra as nossas perspetivas sobre a atividade económica e os mercados globais neste mundo multipolar, politicamente fragmentado, mas totalmente interligado.
Crescimento económico
O crescimento económico em termos globais irá manter-se abaixo do potencial, mas antevemos uma ligeira recuperação em 2025 fruto da manutenção gradual da descida da inflação e da reversão do ciclo monetário global.
Os elevados níveis de emprego e a ausência de desequilíbrios sérios na componente privada nas principais economias a nível global, faz-nos antever a manutenção de um cenário de crescimento económico moderado, tornando-se cada vez mais inverosímeis os sinais de risco de uma recessão.
Produtividade
A subida da produtividade é um espelho das alterações tecnológicas e do uso da inteligência artificial generativa, no pós-pandemia.
Consumidor
Em termos agregados, as condições financeiras do consumidor americano encontram-se extremamente folgadas. Na Europa, a situação do consumidor também está muito folgada. A descida da inflação e das taxas de juro deverá provocar um aumento da confiança do consumidor.
Geopolítica
Apesar de 2024 estar a ser um ano de prolifero em temas geopolíticos com mais de 70 eleições em diferentes países, a verdade é que estes temas para além do ruído mediático, pouco ou nada alteraram as dinâmicas económicas a nível global.
O desfecho das eleições americanas poderá ter algum impacto em três temas: tarifas, impostos e emigração. De qualquer modo, não nos parece que o impacto seja relevante na economia e nos mercados financeiros.
Os preços da gasolina nos EUA encontram-se dentro dos níveis das últimas décadas. O facto do Peak of Oil passar da produção para o consumo, explica muito dos atuais conflitos geopolíticos.
No entanto há que referir que no mundo ocidental, os níveis de confiança económica podem recuperar, dada a descida da inflação e das taxas de juro.
Inflação
Nos EUA, a subida das taxas de juro provocou um acréscimo da inflação, tanto via subida das rendas, como via a subida do custo de financiamento da compra de casa.
Política Monetária
Em termos de política monetária e independentemente da maior ou menor agressividade dos Bancos Centrais, esta inversão do ciclo de política monetária vai-se estender ao longo dos próximos anos, neste mundo endividado, politicamente fragmentado, mas extremamente interligado e tecnologicamente disruptivo. Esperamos que até junho de 2025 a política monetária se encontre em terreno neutral.
A normalização das taxas de juro reais de longo prazo para níveis de pós grande recessão está alinhada com o aumento do endividamento e com a necessidade dos Bancos Centrais financiarem as economias. A descida das taxas de juro, vai significar uma alteração do custo de oportunidade de deter moeda e como consequência, vai provocar uma realocação de ativos.
Classes de Ativos
Obrigações
Existe pouco espaço para contrações nos spreads de risco de crédito, mas o simples facto dos spreads se manterem nos atuais níveis, vai continuar a ser um fator importante de carry. No entanto, e como temos vindo a referir, o efeito positivo da elasticidade rendimento/preço nas obrigações com o efeito de duração que advém com a descida das taxas de juro a nível global, vai ter um impacto material na rentabilidade nos mercados de obrigações via a subida dos preços das obrigações.
Ações
Existe um efeito mecânico positivo nas valorizações dos mercados acionistas via a normalização das taxas de juro reais de longo prazo. Uma maior estabilidade dos resultados das companhias europeias e emergentes, não justifica o atual diferencial de métricas financeiras.
O diferencial entre o estilo value versus o estilo growth, tal como no final da década de 2000 com a internet, não tem em conta o efeito transversal da produtividade na geração de resultados mais sustentados em setores como: consumo básico, utilities, industrial, financeiro e saúde.
Matérias-primas
Os investimentos em energia solar em 2023 superaram os do setor petrolífero. A perspetiva da manutenção de fortes investimentos em energias renováveis, de um maior investimento na mobilidade e em infraestruturas, faz com que grande parte dos metais industriais se venham a deparar com uma procura sustentada nos próximos anos.
Por outro lado, se é verdade que o mercado de energia se encontra muito condicionado pelos temas geopolíticos, também é verdade que a tecnologia e a transição energética alteraram o paradigma do mercado petrolífero. Passámos de uma fase de pico de produção para uma fase pico de consumo, sendo que esta esta transformação é agora estrutura.
Divisas
O dólar continua a ser a moeda de funding global e por essa via é um proxy das condições financeiras globais.
Desse modo, uma descida das taxas de juro reais americanas é geralmente um fator de depreciação do dólar face às restantes divisas. Dado a expetativa de uma normalização das taxas de juro reais americanas, existe espaço para se continuar a assistir a uma valorização estrutural das restantes divisas face ao dólar.
Conclusão
Em jeito de conclusão e numa altura em que se está a gradualmente a inverter a política monetária, faz sentido compreender os riscos neste mundo multipolar, politicamente fragmentado, mas totalmente interligado.
Como temos vindo a referir, no nosso entender, não faz sentido não se querer compreender que depois da pandemia e apesar da guerra da Ucrânia, já não nos movemos apenas por convicções. Porque na verdade, muitas destas convicções são agora factos reais, como a descida da inflação, a gradual recuperação da confiança e o processo de normalização das taxas de juro, factos que na realidade trouxeram uma visibilidade que não víamos há algum tempo.
Acresce o facto, que atualmente estamos perante umas das maiores transformações tecnológicas que a humanidade já presenciou. Subestimar o impacto que os recentes desenvolvimentos no processo de implementação da Inteligência artificial generativa na atividade económica é um erro clamoroso.
A nível global, a procura de gerar ganhos de eficiência vai dinamizar os processos de fusões e aquisições, ao mesmo tempo que, vai permitir uma muito melhor gestão pública dos recursos, com impactos relevantes numa maior solvabilidade dos Estados.
Nesse sentido, continuamos com uma visão positiva nos mercados obrigacionistas e acionistas globais.
Para obter mais informação, aceda à apresentação completa sobre as Temáticas Macro em www.bbvaassetmanagement.pt ou consulte o seu Gestor.